Era
uma quarta feira de dezembro, dia de jogo decisivo do tricolor paulista para
alcançar a final de um campeonato internacional e eu tinha acabado de chegar em
casa, do trabalho.
Tinha
comigo minha eterna namorada, minha cunhada e meu sobrinho, um garotinho de
olhos puxados, de cabelos loiros pele branca que fica com o rosto rosado com um
simples esforço e que consegui influenciar a ser tricolor como eu.
Pois
bem, o jogo iria começar, fui à cozinha pegar uma cerveja sentei no sofá e o
telefone ligou, atendi e o motivo da ligação era uma ocorrência policial
envolvendo um funcionário da empresa no qual necessitavam do meu suporte.
Pronto!
Acabou meu jogo, minha cerveja e a minha paciência, fiquei nervoso e
impensadamente dei um soco no sofá e quando olhei para o lado vi meu sobrinho
olhando assustado para mim, ele nunca tinha visto eu agir daquela maneira,
apesar de já ter visto outras pessoas agindo desta forma.
Vesti
o terno, ajeitei o cabelo coloquei o sapato e quando fui sair, meu sobrinho perguntou
se eu iria voltar nervoso da delegacia, aquela pergunta de alguma maneira me
bloqueou, me fez pensar na conduta que cometi sem pensar. Respondi que se o
tricolor ganhasse eu iria voltar feliz e fui solucionar a ocorrência.
Chegando
na delegacia, avistei um senhor sentado isolado das demais pessoas e logo
percebi que este senhor era quem eu deveria prestar suporte jurídico, um pouco
afastado estava uma senhora de meia idade, uma jovem e um garotinho um pouco
menor que meu sobrinho, todos juntos olhando para mim mas sem falar nada.
Cheguei,
sentei do lado do senhor fiz algumas perguntas e orientações e os demais
procedimentos jurídicos de praxe. Neste ínterim vi que a senhora, a jovem e o
garoto não tiravam o olho de mim, estavam assustados e preocupados,
provavelmente nunca tinham ido a uma delegacia por isso resolvi perguntar para
o senhor quem eram essas pessoas e ele disse que era sua família, sua esposa,
sua filha e seu neto e novamente agi de maneira abrupta, mas desta vez de forma
benéfica e abri um sorriso para eles. Levantei e fui em direção à família do
senhor e expliquei a situação e olhando para o chão vi aquele menino que de
alguma forma estava vendo seu avô naquela situação vexatória e sem entender o
que estava acontecendo estava olhando para aquele sujeito baixinho de terno a
sua frente, abaixei em direção ao garoto vi seu semblante de preocupação e
falei que “já já” ele iria embora junto com seu avô, a mãe do garoto abriu um
sorriso e a senhora segurou o choro e logo após o senhor já estava liberado
para ir para a casa e quando eu estava indo embora ele me parou, perguntou meu
nome, agradeceu e tomamos rumos diferentes.
No
caminho de volta para casa, fiquei pensando que cada ação que cometemos somos
responsáveis e que às vezes agimos de forma impulsiva e de forma impensada
deixando as emoções tomarem conta das nossas condutas e como consequência de
nossos atos podemos atingir as pessoas que nos amam e que estão ao nosso lado.
Os sentimentos como o nervosismo, ciúmes, tristeza e a baixa autoestima podem
ser a fraqueza do ser humano, assim como a criptonita é para o super-homem e
não há como bloqueá-las e não é com o estalar dos dedos que elas somem, mas sim
com o passar do tempo e com o pensamento de nossas atitudes. É assim que o
fraco Ser humano pensante passa a ser o super-homem.
Enfim,
cheguei em casa duas horas da manhã, entrei no quarto e estavam todos dormindo,
no colchão estava aquele bonequinho loiro dormindo o sono dos anjos, troquei de
roupa deitei e dormi já sabendo que o Tricolor havia vencido o jogo e estava na
final do campeonato.
Como
prometido ao Luiz Davi, cheguei feliz em casa, mas pensei comigo mesmo que
aquela felicidade não era pelo simples fato do meu time ter chegado a final do
campeonato, mas também de ter visto alguns rostos brilharem com uma alegria
sincera.
Um
abraço a todos e fiquem com Deus.