quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Sapatos

Um tempo atrás um ex-colega de trabalho resolveu debochar sobre o meu sapato que estava surrado. Então ao invés de fazer guerra eu prefiro fazer poesia.!

Os sapatos e o caminho
Perfazem a reta tênue do futuro
Onde o caminho percorre o destino
Os sapatos vão sem desatino

Os sapatos demonstram o destino
Cada um com sua presença
Do sapato do ilustre Doutor
Às Botas do humilde Lavrador

Dos exuberantes da bela atriz
Aos saltos da louca meretriz
Das sandálias dos guerreiros espartanos
Aos marrons dos senadores romanos

Eu continuo com os meus companheiros fiéis
Que não jogo aos ares
Sapatos que não abandono
Pois às vezes me questiono
O porquê de tantos pares

Se só tenho dois pés.

sábado, 11 de maio de 2013

Dreams

Época de verão, fim de ano, tocava o sino do final da aula e ía para a casa que ficava a um quarteirão da escola onde chegava, deixava o caderno, sem muitas anotações, encima da mesa e ia direto para a sala onde havia um aparelho de som. Ali eu ficava até o fim da tarde ouvindo NIrvana através de um CD que comprei de um amigo.   
Ficava horas ouvindo aquele CD e imaginando como aquele sujeito cantava daquela forma gritada e ainda tocava guitarra, ouvia tanto aquele CD que acabei enjoando de todas as músicas e resolvi procurar outro som para ouvir, encontrei uma banda americana chamada Van Halen no qual gravei uma fita com o melhor desta banda e comecei a ouvir. Já na primeira música o impacto foi fulminante, uma guitarra dissonante com uma distorção de quebrar vidro de qualquer janela começou a tocar no som, meu pai logo que ouviu a barulheira foi até a sala e fechou a porta para o som não propagar até a cozinha e eu estava lá, sonhando com aquele som que saía daquela guitarra através daquele guitarrista, que era baixinho igual eu, e pronto, meu sonho era ser o Eddie Van Halen e descontar tudo que eu tinha raiva numa guitarra.
Lembro que fui procurar alguém para dar aula de guitarra e acabei achando um professor bem a moda do rock´n roll, cabeludo, meio desleixado e mesmo assim ainda tinha algumas mulheres que frequentavam a sua casa. O professor me mostrou a guitarra que usava, uma guitarra cinza com alguns brilhantes, simplesmente linda. Pois bem, ele pegou a guitarra, plugou num amplificador e começou a solar, o sujeito tocava demais e o bobão aqui ficou babando vendo tudo aquilo.
Comecei as aulas e vi o tanto que era difícil no começo tocar guitarra, não era só pegar ligar e tocar. Havia muita teoria, muita escala, muito cromatismo, muitos acordes para aprender e muito treino para tentar ao menos tocar um solo de alguma música de rock´n roll. 
Como não tinha guitarra, pedi uma para o meu pai e pelo fato de ser dezembro, mês de meu aniversário e do décimo terceiro acabei ganhando uma Tagima Zero , branca e linda na qual tenho até hoje. Esta guitarra foi minha namorada durante muito tempo, como deixei o cabelo crescer não tinha muitas garotas que se interessavam por mim, ou seja, não era belo e mesmo assim não havia mil garotas afim, então eu ficava o dia inteiro trancado na sala de casa treinando e tocando guitarra.
E de tanto treinar, algum tempo depois, comecei a tocar as músicas da banda daquele baixinho que eu tinha o sonho de ser igual e de certa forma eu me senti como se conseguisse ser o Eddie. Eu estava tocando os solos do meu ídolo e ninguém tiraria aquilo de mim.
E depois disso montei banda com meus amigos, tocamos em encontro de motoqueiros e bares,foram shows pequenos, mas de uma certa forma para mim foram show.
Na vida se você almeja algo que sonha, você tem que treinar muito, sempre com muito amor e ao mesmo tempo abrir mão de algumas coisas, mas posso dizer sem sombra de dúvida que vale a pena.

"And in the end on dreams we will depend
`Cause that´s what love is made of"

"E no fim, é dos sonhos que dependeremos
Porque é disso que o amor é feito"

Dreams - Van Halen

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Criptonita



Era uma quarta feira de dezembro, dia de jogo decisivo do tricolor paulista para alcançar a final de um campeonato internacional e eu tinha acabado de chegar em casa, do trabalho.
Tinha comigo minha eterna namorada, minha cunhada e meu sobrinho, um garotinho de olhos puxados, de cabelos loiros pele branca que fica com o rosto rosado com um simples esforço e que consegui influenciar a ser tricolor como eu.
Pois bem, o jogo iria começar, fui à cozinha pegar uma cerveja sentei no sofá e o telefone ligou, atendi e o motivo da ligação era uma ocorrência policial envolvendo um funcionário da empresa no qual necessitavam do meu suporte.
Pronto! Acabou meu jogo, minha cerveja e a minha paciência, fiquei nervoso e impensadamente dei um soco no sofá e quando olhei para o lado vi meu sobrinho olhando assustado para mim, ele nunca tinha visto eu agir daquela maneira, apesar de já ter visto outras pessoas agindo desta forma.
Vesti o terno, ajeitei o cabelo coloquei o sapato e quando fui sair, meu sobrinho perguntou se eu iria voltar nervoso da delegacia, aquela pergunta de alguma maneira me bloqueou, me fez pensar na conduta que cometi sem pensar. Respondi que se o tricolor ganhasse eu iria voltar feliz e fui solucionar a ocorrência.
Chegando na delegacia, avistei um senhor sentado isolado das demais pessoas e logo percebi que este senhor era quem eu deveria prestar suporte jurídico, um pouco afastado estava uma senhora de meia idade, uma jovem e um garotinho um pouco menor que meu sobrinho, todos juntos olhando para mim mas sem falar nada.
Cheguei, sentei do lado do senhor fiz algumas perguntas e orientações e os demais procedimentos jurídicos de praxe. Neste ínterim vi que a senhora, a jovem e o garoto não tiravam o olho de mim, estavam assustados e preocupados, provavelmente nunca tinham ido a uma delegacia por isso resolvi perguntar para o senhor quem eram essas pessoas e ele disse que era sua família, sua esposa, sua filha e seu neto e novamente agi de maneira abrupta, mas desta vez de forma benéfica e abri um sorriso para eles. Levantei e fui em direção à família do senhor e expliquei a situação e olhando para o chão vi aquele menino que de alguma forma estava vendo seu avô naquela situação vexatória e sem entender o que estava acontecendo estava olhando para aquele sujeito baixinho de terno a sua frente, abaixei em direção ao garoto vi seu semblante de preocupação e falei que “já já” ele iria embora junto com seu avô, a mãe do garoto abriu um sorriso e a senhora segurou o choro e logo após o senhor já estava liberado para ir para a casa e quando eu estava indo embora ele me parou, perguntou meu nome, agradeceu e tomamos rumos diferentes.
No caminho de volta para casa, fiquei pensando que cada ação que cometemos somos responsáveis e que às vezes agimos de forma impulsiva e de forma impensada deixando as emoções tomarem conta das nossas condutas e como consequência de nossos atos podemos atingir as pessoas que nos amam e que estão ao nosso lado. Os sentimentos como o nervosismo, ciúmes, tristeza e a baixa autoestima podem ser a fraqueza do ser humano, assim como a criptonita é para o super-homem e não há como bloqueá-las e não é com o estalar dos dedos que elas somem, mas sim com o passar do tempo e com o pensamento de nossas atitudes. É assim que o fraco Ser humano pensante passa a ser o super-homem.
Enfim, cheguei em casa duas horas da manhã, entrei no quarto e estavam todos dormindo, no colchão estava aquele bonequinho loiro dormindo o sono dos anjos, troquei de roupa deitei e dormi já sabendo que o Tricolor havia vencido o jogo e estava na final do campeonato.
Como prometido ao Luiz Davi, cheguei feliz em casa, mas pensei comigo mesmo que aquela felicidade não era pelo simples fato do meu time ter chegado a final do campeonato, mas também de ter visto alguns rostos brilharem com uma alegria sincera.

Um abraço a todos e fiquem com Deus.